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sábado, 28 de fevereiro de 2015

“SORTILÉGIO” com @willylevy29 fez jus a todos os clichês da novela mexicana






A carga dramática e a agilidade foram os grandes trunfos de Sortilégio, que chegou ao fim na sexta-feira (27) no SBT. A novela mexicana mergulhou de cabeça em todos os rótulos que rondam o gênero e, sem medo de errar, conseguiu construir uma trama que marcou pela rapidez dos acontecimentos e emoção quase incessante.
No Brasil, a repercussão da trama foi imediata. O público foi apresentado a interpretações acertadas dos atores William Levy e Jacqueline Bracamontes, em um mote empolgante e uma química realmente explosiva dos dois como casal. Pronto: estava encontrada a fórmula do sucesso.
O problema é que a premissa, centrada na farsa organizada por Bruno (David Zepeda) para fazer Maria José (Jacqueline) se passar por esposa de Alessandro Lombardo (Levy), apresentava alguns pontos de fragilidade, tanto na verossimilhança como no potencial de extensão – afinal, como Maria José e Bruno sustentariam a mentira do falso casamento enquanto Alessandro recuperava rapidamente a memória? Tanto é verdade que, em apenas três semanas de novela, já vimos Maria José confessar toda a verdade ao amado.
A narrativa perdeu um pouco de força a partir daí, mas manteve-se atrativa com reviravoltas pontuais e boas subtramas – como a história de amor entre Vitória (Daniela Romo) e Fernando (Gabriel Soto), uma mulher madura com um rapaz mais jovem; ou as peripécias sexuais do casamento aberto de Raquel (Chantal Andere) e Roberto (Marcelo Córdoba), com direito a uma relação homossexual de Roberto com o gigolô Ulisses (Julián Gil).


bruno sortilegio david zepeda
David Zepeda como o vilão Bruno: interpretação medíocre
O apelo sexual é uma das marcas de María Zarattini como autora no México, que aqui ela levou ao ápice e chegou a escandalizar parte da audiência e da imprensa mexicana. Curiosamente, no Brasil a repercussão foi contrária: diversos espectadores reclamaram do corte nas cenas gays entre Ulisses e Roberto, como também nas calientes sequências eróticas de Alessandro e Maria José.
A trama principal recobrou força na reta final, a partir do sequestro de Maria José para fazê-la se passar por sua irmã gêmea, Sandra (Jacqueline Bracamontes), e roubar a herança do avô de criação da outra, Porfírio (Aarón Hernán) – o mote mais absurdo e rocambolesco de toda a novela, porém responsável por recobrar a intensidade dramática que já estava fazendo falta.
Vale comentar que Sortilégio ganha a partir daí alguns toques mais acentuados de tragicomédia: o responsável por arquitetar a tramoia era o ambicioso doutor Jorge (Otto Sirgo), um neurologista com ares de cientista maluco que ainda por cima carregava o sobrenome “Kruguer” – certamente uma alusão ao monstro da série A Hora do Pesadelo.
Não apenas no enredo, o exagero que muitos considerariam “tipicamente mexicano” predominou em Sortilégio em diversos aspectos. Por exemplo, na cenografia, que era um verdadeiro ode ao gosto duvidoso. Os ambientes, além de artificialíssimos, ostentavam um colorido de fazer inveja a Carrossel e Chiquititas – o que dizer das paredes amarelas e rosas da mansão dos Lombardo? Tal preferência parecia se estender ao visual dos atores: o tom fortemente avermelhado do cabelo de Chantal Andere, as mechas oxigenadas de Julián Gil e Gabriel Soto e principalmente a horrenda peruca usada pela boa atriz Daniela Romo também contribuíram para reforçar o tom kitsch.
Com respeito ao elenco, Jacqueline Bracamontes fez um ótimo trabalho como a heroína Maria José, surpreendendo ainda no papel da conflitiva Sandra – uma jovem problemática e viciada em drogas, bem diferente da irmã. Já William Levy apresentou um desempenho bem mais maduro nesta novela, e veja-se que Alessandro era um papel bem mais complexo que seu “galã” anterior, emCuidado com o Anjo (2013).
Cabe destacar ainda a revelação de Ana Brenda Contreras, atriz cada vez mais prestigiada na Televisa, apresentada pela primeira vez ao público brasileiro. Seu desempenho como a vilã Maura só não foi melhor pelo pouco espaço da personagem na história. As grandes vilanias ficaram mesmo por conta do terrível Bruno, cujo intérprete, David Zepeda, entregou uma atuação medíocre, onde sobraram caras e bocas e ficaram devendo a emoção e a expressividade.
Com algumas controvérsias, o fato é que Sortilégio conquistou seu público cativo no Brasil, privilegiando aquilo que os noveleiros realmente gostam: acontecimentos rápidos e dramáticos, envolvendo um casal apaixonado e com uma química de tirar o fôlego. Não foi uma trama perfeita, mas certamente a melhor que o SBT exibiu em sua faixa de novelas inéditas, antecedida pela infantilizadaCuidado com o Anjo, a insossa Meu Pecado e a leve, porém escrachada Por Ela Sou Eva.
sortilegio

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